7 de jan. de 2021

Palavras são portas

 

Se toco a terra o pensamento melhora?


Enquanto vejo a menina que fui

O sabiá devora a cigarra sem dó.

Há uma flor dançando na escuridão.


Telefone que toca diz que 

É o azul me chamando pro infinito.


Quantas dobras existem no pensar?

Como sair de uma tela para o toque sem quebrar?


A mãe sorri como fio ou seria tal qual o rio? 

Linha que me liga a ti como

Verde pendente de estrelas.


Palavras são portas.

Quem abre?

Como cego teimoso,

Escrevo,

Nesse jogo de adivinhação

Meu próprio abecedário de ilusão.


 ¿Con que me he dispuesto a estar aqui hoy?


Me he dispuesto a estar con mis limitaciones, con la crítica, el censor y con mis ganas de crecer, de hacerme arteterapeuta y de curarme, no sé bien de qué. De potencializar mi yo creador, de mirar mis heridas, mis historias de amores y abusos, de elaborar mis procesos. Me he dispuesto a estar aquí con mi competitividad, con mis desatenciones, con mis defectos y limitaciones. Estaré siempre aquí con mi niña interior y sus características únicas. Con mi poesía y también con mis dolores. Me he dispuesto a estar aquí con Julia Cameron y su escritura matutina, con el sol que pone sus dedos por encima del monte ahora mismo. Con Fernando Pessoa y todos sus yo`s que ha tanto tiempo me ayudan a encontrar los míos. Con el recuerdo del Tejo y del carimbó en Belén. Estoy con miedo y arrogancia. Con la pausa después del fluir de la epifanía, con los bloqueos y con tantas dudas. Con el deseo de entender la diferencia entre la palabra justa y la palabra cómoda. Estoy con los animales de afuera  y con los sonidos que vienen de otro continente. Estoy con ganas de ser madre y con la emoción de reconocerla en mí. Estoy con los gritos de euforia de la niña Manu en su cumple de 3 años y con mis dibujos de adulta en la pared. Estoy con mi gatito que duerme en mis piernas y las buenas amigas que me faltan cuidar. Me he dispuesto a estar aquí con la serpiente y con Lilith. Con Lou Andreas e Isadora. Con Joana D´arc, Marielle y con mi madre. Mi abuela y la abuela de su abuela. Con todas las mujeres guerreras del mundo. Me he dispuesto a estar con la vida y también con la potencia creadora de la muerte. Me he dispuesto a estar con mis palabras y con mi voz ocultada.


Estoy aqui con todo eso y con nada de eso. También soy vacío y ausencia. Contenedor absoluto del nuevo, del inicio, del encuentro fundamental del ahora. Si pongo una coma en el papel lo hago sin ser, sin tener, sin querer. Me dejo llevar por una más allá o un más aquí. No hay lo que me prepare. Solo lo que me impulsa. 


Esto me pone disponible a todo lo que ha de venir adelante.


28 de jul. de 2018

Ao Aqui

Vivo o tempo em si
E esse tempo mergulha em mim.
Imagem de poesia viva são
Palavras de poesia minha.

Pássaros dourados da alvorada
Rebelam minhas vozes acorrentadas.
Sou a virgem na parede do museu
E sou a chama do fogo que arde na floresta.

Também sou essa que escreve a ti.
Poesia de ontem é mesma de hoje e a essência do
amanha.

Alma, fogo e ser em eterna eternidade de estréias.
Eu vago por entre avenidas,
Por entre perguntas.

Danço certezas que se diluem.
O tempo soprou e eu voei junto.

A neve desceu
e aquele abraço me acendeu.

Irmãos de fé e de coragem,
Caminhamos juntos nessa madrugada.
Íntimos e infinitos instintos humanos

Guiam nossos passos pra junto do Aqui.

Boba

Quero colo
Quero beijo
Quero deus
O sangue desceu
Quero colo
Quero beijo
Quero deus
O sangue desceu
Quero colo
Quero beijo
Quero deus
O sangue desceu.
Cortaram a luz
Queimaram a luz
Raptaram minha luz
E João bobo fudeu
Joao bobo perdeu

Meu João bobo é meu e o sangue desceu.

Ousadia Poética


Quero dormir quero dormir quero dormir quero dormir
quero dormir quero você quero dormir quero dormir
quero dormir quero dormir quero dormir quero você.

Penso no vão...
Minha calça azul celeste caiu.
Abri as pernas.
O dia amanhce por trás dos muros de concreto.

Podia tentar me filmar.
Queria querer te amar.
Cafuné autogestionado.
Será fome o que sinto?

Lugar de espera
Lugar da pantera.
Meu lugar de cadela no cio.

Pau dentro
Pau fora
Pau como.

Me fode atrás do castelo,
me encosta de costas na costa.

Tô brava.
Não veio.
Foi nela.
Amarela.

Não morro, me como
Com palavras de gozo.

Mão que desliza no corpo.
(A insônia pode acabar com a vida de uma pessoa.)
Meu dedo na minha boca.

Seu falo na minha alma.

Ar

Respira, ele te escreveu?
Respira, ele te escreveu?
Respira, ele te escreveu?

Relaxa, fudeu,
Ele não é seu.

Meu corpo estirado na cama
Meu bumbum virado pro alto.
Cairia bem vc dentro dele.

Deixa eu te conduzir.
Jogo na panela todo medo,
Jogo pela janela o desespero
que virou meu coração.
Te cozinho pra mim.
O tempero é meu,
A carne é sua.

Abuso da loucura de ser eu.
Tenho sono
Queria sua mão na minha pele.
O dedo na minha boca.
Não leio, não penso, não como.
Te absorvo...

Orquídia fingida
Metáfora hermafrodita.

Sua mão outra vez na minha pele
Seu dedo na minha cona.
Seu dedo na minha cona.

Arranca o cabelo
Desloca o pescoço
Arranha as entranhas
E diz que me ama.

Fire is burning under my skin

Abro minhas pernas e te enrosco
É laço, sou mais forte que vc.

E vc vem caminhando na minha pele lentamente
Com a lingua, com o dedo, com o olhar.
Chega no meu ventre e me conta uma historia.
No meu peito e me rouba uma palavra.
No meu cangote me sussura uma vontade
Nas minhas costas me imprensa devagar.

Te quero inteiro
Te aperto firme
O ar evapora.

Das cavernas de mim

Dancei, girei, brilhei.
Os olhos cruzaram.
Faisca leve passou.

Depois olhos quase nos olhos.
Papo de ocasião
E uma bacia de água entre nós.
Lá fora um foco de fogo.
Aqui o silêncio das águas.
Corremos para apagar
Ou alimentamos o incêndio que brota nesse vão?

Corte.
Fui.
Me seguiu.
Quase me usou.
Mas nessa vida turista não sou.

O calo pisou.
Segurei.
Aprofundei
Mergulhei.
Poetizei.

Cedi.
Com fome e ansia te vi.
Com alegria e leveza beijei.
Calada da noite, gemi.

Entre ecos que vinham das cavernas 
profundas de mim, me olhou.
Com os labios a minha pele secreta rasgou.

Virei rio e hoje sou seu amor.

Lua de sangue

Respiração ofegante, é chamado pra escrever.
Respiração ofegante é medo de perder. 
Medo de deixar ir sem querer que de fato se vá.
Se faz forte. Você é rocha. Se ama. Você adora. 
E se não viu o brilho meu, problema seu. 
Que tenho muito.
Ai que me doeu. 
Ai que me roeu.

Perdeu minha saia rodada branca dando volta na
areia, meu maiô meia peça inteira que eu tiraria pra você. 
A taça bebi ligeira. 
Onde estará? 
Lençol que se enrosca, colchão que se desloca. 
Passei zen, mas esse nó agora no meu peito. 
Respira. Sono que não veio. 

Tô no meio. Fogo cruzado. Existe conquista?
Persiste ou desiste? Gosta ou não gosta? Quer ou não
quer? Apega ou desapega? 
E eu, que quero eu? 
Barriga doendo. 
Me eclipsei. 
E agora tudo revelei. 
Zerei.

Das modernidades

Me sinto Baudelaire
Encantado com a modernidade passante.
Me sento no banco, ao sol da primavera e deixo a massa passar.

Capto o que posso,
Busco a emoção
Juntar o que eu vejo,
Com o que sinto.
A magia.

Penso naquele.
Penso no bolso vazio,
Nos desejos perdidos,
Nas flores do mal.
No amor que não veio.
Naquele que virá.

A sombra da caneta queria guardar.
O som dos motores.
A brisa tão leve.
Gelada ao ponto.
E a lembrança de você me amando com calma.

(Barcelona, abril 2017)

Tejo

À beira do rio, em frente à Praça do comércio. 
O tal silêncio que Priscila falou. 
Parar, pensar, olhar, sentir.
Há vários peixes graúdos que beliscam o mármore. 
Há o mármore e uma meia-lua alta, tremeluzente na base.
Não há estupor. Não é Deus. Não é a magia, o espiritual. 
É Fernando Pessoa, é o Tejo, é o silêncio. 
É o veleiro e o barulho do cais chorando. 
É a vontade de perpetuar a matéria do instante 
e potencializar a brevidade do que é completo.

(Lisboa, outubro 2013)

Saber

Não sei mais,
não quero saber.
O saber me pesa,
me franze a testa.
Me endurece a pélvis.
Não quero esforço, no osso,
no fosso da minha matéria.

Quero o céu

f
 u 
  n
   d
    o

                 do nada.


Quero o crédito
de estar viva
e só viver.

Segundo a centelha de chama
que clama e inflama
perto do deus,
perto da lama.

No tempo minguante de 
ninguém
aqui ninguém
espera mais
aqui ninguém espera tais
mentiras
que
soooooaam,
soam,
soam,
sou.
Por isso 
para cada nota breve 
do tempo todo
me vou,
vou, vou, vou
vôo.

Oracion del inconsciente

Despierto por la noche,
La imagen del sueño es del maestro xamã
Con la oración a San Jordi en las manos.

Hago como Dali que pintaba en el clímax de su surrealismo.
Hago como mi bisabuelo que escribía sus obras sobe la plata de la luna.

Miro a mi misma en lo espejo
El tercero ojo dime que he visto 
mucho más en los vales
de mi inconsciente…
Aunque lo olvide.

Tomo la mano de Jung, maestro.
Hace años investigo a mi misma.
Pero aun no he tocado el libro rojo.
Esto que dices de las escojas?

Y si tomo las circunstancias por camino,
Esto que tiene de la sabiduría del otro lado del mundo, 
Donde el sol despierta más temprano?

Quizás forje las circunstancia en oraciones.
Y todo que viene sin esfuerzo aparente sea simplemente 
Las respuesta del universo al deseos profundos del alma.

Mi naturaleza salvaje uiva en mi,
Suplicando por estar en la vida que es contemporánea
Desde el principio pulsando en mi sangre.

Vuelvo al ciclo del fuego,
Entro en el poder da la piedra.
Ponte orden, hazte tierra!
Encuentra el medio,
Ya eres el canal.

Hablé con el Menir
Y me ha dicho para seguir,
Cierto o errado, perfecto eres.
Me arrodillé, sin querer.
La tierra es un imán.

Canto el jardín
Canto las gallinas.
Quiero la mesa posta en el quintal.

Las cosas simples
Las devora el tempo.
Lo que siempre fue
Hoy es como nunca ha sido.


Hay que vivir.
Hay que escribir.
El principio eternamente renovado.

Barcelona, setembro 2017

A Virada

Naquele ano fora preciso
tirar do peito um pedaço
Sugar do sangue um riacho
pra lavar a alma de si mesma.

Dizer não te amo,
pra gritar em seu ouvido
o quanto te queria.

Apostar na última carta
pra não deixar mais rastro pro talvez.

Sentir a beleza desfiando pela mão
pra encará-la de frente
e torná-la uma lição

Negar a morada
pra chorar a despedida
Matar o ébrio em si,
pra encontrar Dionísio e seus afins.

Ceder para ganhar
Estancar para caminhar
Emudecer para assim cantar
Ter a si mesmo depois de tanto desvairar.

(Rio de Janeiro, 2012)

Emboscada

Meu corpo uma emboscada.
Minha perna enroscada na sua.
Mão que desliza na curva da doçura.
Fazia calor naquele velho novembro.
Fazíamos amor como lobos
Com as cigarras cantando ao redor.
A lua veio.
Você se foi...
O trem avança e ele à minha frente.
Não há palavras,
Só saudade.
Do silêncio que se viveu.
Luta justa,
Desejo profundo.
De captar a pureza do mundo em um breve segundo.
E retê-lo,
Por um vasto caminho azul
infinito e abrupto.

(06/09/17 - trem de Aix a Marseille avec Simon)

Do Alto

Amava ele dos pés a cabeça.
De alma inteira.
Em cada grama do seu corpo,
em cada montanha do seu rosto.
Em cada nascente,
em cada poente.
Em toda vazante.
Nas suas esquinas,
em cada caverna.

Amava os razantes de pele nos seios.
Nas armadilhas,
no fim da linha.
e nos becos sem saída.

Amava no ciúme,
no cimento,
ou junto à semente do vento.

Amava mesmo sem volta.
Amava de longe.
amava do alto da pedra, antes do salto,
vendo a pele nadando,
a pele amornando...

E ele tocando
corda,
perna,
calo do pé,
coração de fé.

E tudo isso,
sem que a visse,
sem que ouvisse
seu canto despido,
coberto de medo,
receosa de continuar a estrada.

Por isso amava só em instantes
estanques
e só com
anuviados
olhos cruzantes.
Que ficavam assim
querendo só um pouco
o suficiente,
pra Deus querer o outro mais pela frente.

(Alto Paraíso, 2007)