21 de nov. de 2010

Sementes na chuva

Fico rebubinando a mente até a infância.
O som do trem ressoando...

Penso que deveria
ter sido olímpica,
Mas insisti em fazer nado,
e de nada me adiantou.
Não amava, não queria,
mas insistia
Em fazer o que o coração não pedia.

Hoje temo que a voz dele ande fraca.
Procuro conversar, mas será que se ressentiu de tantos nãos.

Fico torcendo para ele me engambelar,
me levando sem que note pro alto da pedra.
Bem na hora que o sol se derrete no mar, só pra me ver dançar.

(E ele faz... Já fez e ainda fará)

Pensando bem, acho que posso acreditar
que afinal tudo aquilo que amo naturalmente vem pra mim.

Semente que brota na mata, não precisa de rega,
precisa de chuva e chuva quem controla não sou eu.

Querendo ou não a vida faz meu coração florir.

26 de mai. de 2010

Astrologia experimental

Sintam os planetas dentro de si, eles são deuses para serem adorados, sintam o sol, a lua, etc. Devagar. Sintam Áries, Touro, etc. Devagar. Durmam com eles. A compreensão virá aos poucos. Não se deve compreender somente pela mente, é preciso compreender com todo o seu ser.

Envolvam-se com os signos e planetas e eles virão conversar com vocês quando vocês os chamarem e lhes contarão segredos.

18 de fev. de 2010

A companhia

"- Não, eu não te deixava por isto. Mas mete uma coisa na tua cabeça, Pedro Ribeira Flores: eu não estou aqui para que te cases comigo. Não ando à procura de noivo nem de casamento. Estou contigo porque gosto da tua companhia, gosto de estar contigo, por mais diferente que nós sejamos - e somos." (Angelina, do livro 'Rio das Flores', de Miguel Souza Tavares)

15 de fev. de 2010

Meditação no meio de todos

Pousada na pedra com
os olhos meio abertos pro sol:
Os cílios são asas translúcidas;
Cortina de renda filtrando olhos alheios.

Uma libélula encosta
no ombro que virou rocha.
Ela tem olhos negros,
É leve, é viva.
Por ali fica.

Os excessos se ausentam.
E o caminho se lapida.
Sou acolhida pelo meio.
E abraço todo o instante em mim.

Pra isso,
válido se fazer calmo.
Ouvir voz que não se altera,
jamais se ausenta
e sempre integra.

Mas atenta!
Batuque lá fora
distrai o coração.
E o corpo se agita.
Perde-se a nota.
E a outra já voou.

É o erro, o vacilo,
o esquecimento de ser.
Mas nada invalida a lição.
Reconecte-se!
E outros deuses te acharão.

13 de fev. de 2010

Para uma amiga

O dia 12 encosta,
O 13 aporta,
A arte inaugura.
É conto de amiga.
Companheira madura nas palavras.
Aniversariante lapidadora da magia.

Acolhedor assistir o desabrochar de uma poeta,
folha a folha,
como ano a ano.

A leitura conduzindo a oníricas pinturas dos dias.
E ao suave dançar dos olhos.

Tradução do que é próprio do nosso tempo,
do nosso espaço,
das nossas buscas.

Poesia com gosto de lá em casa.
E de mãos dadas com o céu.

25 de jan. de 2010

A vida sabe mais de nosso sonhos

"Era um ótimo instrumento. Achei que traria uma grande virada na minha vida. Mas, estranhamente, livrar-me do Violoncelo foi um alívio. Eu me senti livre dos laços que me haviam amarrado por tanto tempo. O que sempre havia considerado meu sonho, talvez, na verdade não fosse"

Do filme "A Partida" de Yojiro Takita

21 de jan. de 2010

Cerejas

Véus coloridos:
Rosas,
Verdes,
Laranja,
Agora permitidos.

A beleza foi concedida por lei.

Brilhou uma luz feminina.
Enfeites.
Libertou uma deusa escondida.

Que eles construam os muros.
Nós o pigmentamos.

Não serve apenas a massa.
Nosso gênero concede o tempero.
Que emoção viria sem ele?

Se ele é útil,
Somos as cores e perfumes das flores.
Pode-se dizer fútil.
Mas detalhe nenhum vem em vão.