19 de nov. de 2008

Grande parte do caminho segue entoando mantras. Lhe alivia estar em movimento e nenhum músculo mexer. A meditação se faz mais fácil. A cidade vai passando, algumas incógnitas se desatando... Se sente na multidão, sem dela se embasbacar, nem ansiar para o seu porquê explicar. Apenas está lá.

E eis que de surpresa pega o caminho do mar e já não precisa rezar...

A onda bate.
Do verde escuro e da espuma branca - uma entidade verde,
Virgem lapidada.
Costas de onda curvas se entregando ao mar - jóias humildes.
Carícia no olhar.

Ao fundo, vindo do céu, um detalhe, em frações, se entrega às águas.
Poesia da caça...
Brilhantes se destacam na pele crua da onda que se alonga para em instantes quebrar.

Por favor, caminho, não quero parar...

Da janela vem um vento cheirando a ressaca.
Ele já não precisa rezar.
Mergulhou no silêncio entoado do mar,
ritimado pelas rodas do pneu a girar.

7 de nov. de 2008

Minhas armas de Jorge de lado deixei.
Julguei justo por um instante lavar
meus pés, as mãos, os pensamentos.

Me vi de repente o próprio inimigo
usando as armas que me destes
para te atacar
e não mais para nos defender.

6 de nov. de 2008

Me agrada caminhar de cabeça baixa
para num estalo do vento
levantá-la
e me deparar com um balé de folhas desgarradas.