30 de nov. de 2006

Para se ter paz

E necessário equalizar o instante
às batidas do peito,
aos sons da mente,
aos pulsos do corpo.
E à buzina e ao apito
que da rua me gritam.

29 de nov. de 2006

Dos pastos zen

Os olhos pesam
a sabedoria entra
as flores
cantam e
dançam.
E borboletando
a branca
fica
no foram.

Ouço no fundo um mu
e descubro
mais pra frente
que a borboleta tem tom de
camu.

26 de nov. de 2006

Olha o menino que passa e manda!
Pés cruzados na tábua,
quatro rodas no pasto calçado,
Só vejo um tecido azul-marino GG engolindo,
um corpo que foi...

indo,
Lindo.

É uma alma,

serena,

tinindo.

Ah, meu amor, porque você não lixa você mesmo as suas unhas.
Por que não me leva pro mar
e não inventa um altar de estrela, carinho, pedrinhas
só pra me dar?

Eu queria chorar.
Uma lágrima,
só por amor,
só pra pouco me matar,
só por louvor.

É que o oculto me cutuca a pele por baixo da pele.

Que linda é ela.
Com seus pelos louros,
Seus brincos de couro
E um amor só dela.
É o futuro folheado a ouro.

E eu?

Não quero Outro...

8 de nov. de 2006

Amava ele dos pés a cabeça.
De alma inteira.
Em cada grama do seu corpo,
em cada montanha do seu rosto.
Em cada nascente,
em cada poente.
Em toda vazante.
Nas suas esquinas,
em cada caverna.

Amava os razantes de pele nos seios.
Nas armadilhas,
no fim da linha.
e nos becos sem saída.

Amava no ciúme,
no cimento,
ou junto à semente de vento.

Amava mesmo sem volta.
Amava de longe.
amava do alto da pedra, antes do salto,
vendo a pele nadando,
a pele amornando...

E ele tocando
corda,
perna,
calo do pé,
coração de fé.

E tudo isso,
sem que a visse,
sem que ouvisse
seu canto despido,
coberto de medo,
receosa de continuar a estrada.

Por isso amava só em instantes
estanques
e só com
anuviados
olhos cruzantes.
Que ficavam assim
querendo só um pouco
o suficiente,
pra Deus querer o outro mais pela frente.