15 de fev. de 2010

Meditação no meio de todos

Pousada na pedra com
os olhos meio abertos pro sol:
Os cílios são asas translúcidas;
Cortina de renda filtrando olhos alheios.

Uma libélula encosta
no ombro que virou rocha.
Ela tem olhos negros,
É leve, é viva.
Por ali fica.

Os excessos se ausentam.
E o caminho se lapida.
Sou acolhida pelo meio.
E abraço todo o instante em mim.

Pra isso,
válido se fazer calmo.
Ouvir voz que não se altera,
jamais se ausenta
e sempre integra.

Mas atenta!
Batuque lá fora
distrai o coração.
E o corpo se agita.
Perde-se a nota.
E a outra já voou.

É o erro, o vacilo,
o esquecimento de ser.
Mas nada invalida a lição.
Reconecte-se!
E outros deuses te acharão.

Um comentário:

Luisa Coser disse...

Minha amiga-libélula, obrigada. não agradeço por me homenagear, e sim por me distinguir. quero dizer, fico feliz de nào ser um centro, e sim um meio, como tantos outros, de conexão. é preciso sempre se des-conectar, do olhar viciado, da fome viciada, da vontade viciada... essa vontade de potência se acumula, e se multiplica, se ramifica, e não perde sua expansão no amor, uma hitória de vida, de lá em casa... posso enlaçar mundos, mas não aprisioná-los nem subestimálos (esse ne'gocio de não ter mais hifen me incomoda pra burro). viva nossa pseudo-ignorância para menos conformismos. viva a felicidade de poder ser pedra, libélula, batuque, a vida em ritmos. sem me desviar, quero sim a-portar. te amo lá no mundo. te amo como minha casa. beijos imensos